A crescente parceria entre o mundo corporativo e o terceiro setor

João Casotti

O tema responsabilidade social foi o pano de fundo do V Congresso Corporativo Internacional sobre Liderança e Gestão do Capital Humano, realizado na quarta-feira, dia 18 de novembro, no Rio de Janeiro. Durante um dos painéis de debate do evento que abordou o tema, foi proposta para representantes do terceiro setor a seguinte questão: responsabilidade social é um diferencial ou uma condição para líderes e organizações?

“É um referencial, uma vez que a empresa recebe um novo olhar a partir dessas práticas em prol da sociedade e do meio ambiente. E é também uma condição, pois se a organização ajuda alguém, essa pessoa beneficia indiretamente a instituição”, explicou Sônia Neves, presidente da Casa Ronald McDonald, oferece hospedagem, transporte e alimentação às crianças com câncer.

Para a ativista, que há 20 anos perdeu o filho com a doença, a ajuda do mundo corporativo às organizações não governamentais (ONGs) não precisa ser apenas por meio do apoio financeiro. “Pode ser no desenvolvimento de trabalhos em conjunto, na prestação de serviço, de uma forma que o participante também se sinta feliz, pois para fazer o bem é preciso sentir-se bem”, salienta.

Segundo Luciana Phebo, coordenadora do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) do Rio de Janeiro e do Espírito Santo, é importante entender que as empresas não podem exercer o papel único de financiadoras de projetos.

“Nós entendemos essa relação como uma parceria, um trabalho conjunto. E quando se fala em parceria, significa participação na elaboração das metodologias e na avaliação do andamento das atividades. Ou seja, os empresários e parceiros institucionais integram o núcleo pensante da Unicef nos projetos”, comenta a especialista.

E o desenvolvimento de práticas sustentáveis pelas organizações não pode ser apenas da “porta da empresa para fora”, como contou Luciana Phebo. Ela falou sobre a importância de o mundo corporativo olhar para dentro, analisando a situação familiar dos próprios funcionários. “A Unicef desenvolveu uma metodologia social que faz um diagnóstico da qualidade de vida dos filhos dos empregados de uma determinada companhia”.

O discurso de que a empresa não tem a obrigação de desenvolver iniciativas de responsabilidade social por já pagar impostos e gerar empregos não tem mais espaço nos tempos atuais, afirmou Suzana Moreira, diretora-executiva do Instituto Bola Pra Frente, iniciativa dos ex-jogadores de futebol Jorginho e Bebeto, que atende crianças e adolescentes em situação de risco social. “Esse discurso faz parecer que a organização está em um mundo e a sociedade está em outro. É preciso trabalhar essas questões de uma forma integrada. É inadmissível uma empresa ficar alheia ao que ocorre na sociedade”.

Ela lembrou uma afirmação da publicitária Nádia Rebouças, que acredita ser precipitado o discurso da comunicação corporativa de “desenvolver a comunidade do entorno”, quando, na verdade, foi a própria empresa que se inseriu naquela comunidade. “Isso é ruim, pois a organização fica como referência. O importante é que ela interaja com a sociedade carente. Dessa forma, ela tem muito a ganhar”, conclui.

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